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na avaliação de programas de residência

Implantação do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Brasil

O artigo “Implantação do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Brasil”, de autoria de André Luis Andrade Justino, Lourdes Luzón Oliver e Thayse Palhano de Melo, foi publicado em 2016 no periódico Ciência & Saúde Coletiva. Embora não seja um artigo recente, é interessante por trazer o relato da experiência de criação, em 2012, de um programa de residência em Medicina de Família e Comunidade no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ), motivada pela reforma da Atenção Primária à Saúde (APS) na cidade e pela consequente necessidade de melhorar a qualificação profissional de médicos para atuar nesse nível de atenção. 

Os autores chamam atenção para o fato de que, em outros países, como Canadá, Espanha, Holanda e Inglaterra, o médico de família possui reconhecimento social, visto que a Atenção Primária se encontra já consolidada como a base estruturante do Sistema de Saúde, sendo capaz de resolver cerca de “90% dos problemas da população que atende, tanto agudos quanto crônicos” (JUSTINO; OLIVER; MELO, 2016, p. 1474).

O objetivo do artigo foi descrever a implantação do programa, além de demonstrar a sua estruturação – em termos de currículo, infraestrutura e recursos humanos -, com alguns diferenciais que propiciaram, na prática, impactos positivos no cenário dos serviços de saúde acessíveis à população do município. No relato de experiência, os autores localizaram os  egressos da primeira turma do programa junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), além de utilizar dados da própria rede municipal de saúde, obtidos em websites públicos da Prefeitura. 

Para agregar valor ao Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade, a SMS-RJ adotou alguns incentivos para atrair jovens médicos e médicas para o programa, como oferecer um complemento financeiro da bolsa de residência paga pelo Governo Federal e buscar melhores unidades de saúde para exercício dos/as residentes, tanto no aspecto da estrutura física – salas, equipamentos etc. – quanto na quantidade e qualidade de preceptores.

Como resultados, o artigo destaca a incorporação de egressos em unidades de APS, como médicos ou preceptores, além da atuação de egressos em APS de outros municípios, na gestão central ou em outros níveis de atenção. Ressalta, ainda, que a inserção do programa nas unidades de saúde contribuiu para que fossem exigidas melhorias na qualidade dos demais profissionais e na organização dos serviços; que as unidades que possuem residência foram contempladas com materiais e equipamentos diferenciados, o que traz melhorias na oferta de serviços à população; e, por último, que a entrada dos egressos em novos espaços que não possuem residência acaba por gerar demandas por garantia de insumos diferenciados, o que também acarreta uma maior oferta de procedimentos aos usuários. Os autores concluem o artigo sugerindo o investimento em novos estudos que possam sinalizar os impactos gerados pelo Programa ao longo de um período mais extenso. 

Alguns temas importantes abordados no artigo e de interesse para a nossa pesquisa são: a avaliação de resultados do programa; a inserção dos especialistas no mercado de trabalho após a conclusão da residência, campo de atuação e atividades desenvolvidas; a distribuição/fixação dos especialistas no território, visando reduzir desigualdades na oferta de serviços à população; a inovação que a presença do programa de residência e de seus egressos traz para os processos de trabalho nas unidades de saúde; a importância da valorização e da formação do supervisor ou preceptor; e a relação entre o provimento de especialistas e as demandas sociais.

Referência:

JUSTINO, A. L. A.; OLIVER, L. L.; MELO, T. P. Implantação do programa de residência em medicina de família e comunidade da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Brasil. Cien Saude Colet, Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, p. 1471-1480, maio 2016.

Link para texto completo: https://www.scielo.br/j/csc/a/r9MmJFXmLjkCh9S3dZyTCFc/abstract/?lang=pt

Por Irene Kalil

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